Nós Por Todas é um projeto que explora o corpo feminino como espaço de confrontamento. Por meio de uma rede de mulheres colaboradoras, o projeto questiona as ações do Estado para reprimir e diminuir os direitos reprodutivos das mulheres no Brasil.

Embora esse seja um projeto que foca no debate em torno do aborto ilegal nesse país, Nós Por Todas pretende alcançar todas as mulheres ao redor mundo que têm seus corpos submetidos ao Estado.

A primeira série do projeto foi desenvolvida durante a residência artística Despina, no Rio de Janeiro, e exposta no Largo das Artes em Junho de 2016. 

Os títulos das fotos se referem ao ano em que essas mulheres de alguma forma viveram a experiência do aborto. As frases que acompanham cada fotografia foram ditas durante as conversas que eu tive com cada colaboradora ou são observações pessoais sobre nosso encontro.

Esse projeto foi publicado em inglês pelas revistas Carved Voices, Fearless Femme, e Boshemia, bem como em espanhol pelo blog Cosmopolita Media. Foi exposto como instalação no Hidden Door Festival em Edimburgo e como exposição fotográfica na França, Países Baixos, Brasil e Reino Unido.

Esse projeto só foi possível graças a uma campanha bem sucedida de financiamento coletivo em Agosto de 2017.

Para transformar esse projeto em um livro eu lancei uma campanha de financiamento coletivo em Dezembro de 2018: www.igg.me/at/ftloaw

Caso a campanha seja financiada, o livro será publicado pela Break the Habit Press em inglês e Português no Dia Internacional da Mulher em 2019.

Projeto Nós Por Todas, sobre os direitos reprodutivos das mulheres. O título se refere ao ano em que essas mulheres viveram de alguma maneira um aborto ilegal. Para mais informações, www.nosportodas.tumblr.com

Nós Por Todas em 2005:

"Você enfrenta julgamento em todas as etapas, do início ao fim. No caminho que eu percorri, eu não encontrei uma pessoa que me entendeu; que me apoiasse na situação."

Quando ela contou para o parceiro sobre a gravidez e pediu ajuda, ele disse que aquilo não era problema dele.

Projeto Nós Por Todas, sobre os direitos reprodutivos das mulheres. O título se refere ao ano em que essas mulheres viveram de alguma maneira um aborto ilegal. Para mais informações, www.nosportodas.tumblr.com

Nós Por Todas em 2011-2:

"Eu fui embora sem saber se eu voltava, como iria ser, sem poder dizer a ninguém, torcendo para que ninguém me procurasse naqueles dias.“

Ela acha que o aborto deveria ser considerado um direito da mulher hoje mais do que nunca. Não somente porque ela viveu essa experiência, mas porque ela sabe que há muitas mulheres anônimas passando pelo mesmo.

Projeto Nós Por Todas, sobre os direitos reprodutivos das mulheres. O título se refere ao ano em que essas mulheres viveram de alguma maneira um aborto ilegal. Para mais informações, www.nosportodas.tumblr.com

Nós Por Todas em 2011:

“É direito da mulher. É a expressão da sua autonomia; a reclamação intransigente do poder sobre o próprio corpo e sobre a determinação do próprio destino. É a superação definitiva da maternidade como destino.”

Ela está acostumada a falar em público sobre os direitos das mulheres, mas ela não pode falar sobre a própria experiência no assunto.

Projeto Nós Por Todas, sobre os direitos reprodutivos das mulheres. O título se refere ao ano em que essas mulheres viveram de alguma maneira um aborto ilegal. Para mais informações, www.nosportodas.tumblr.com

Nós Por Todas em 2014:

:A médica foi me olhando com aquela cara de reprovação, incredulidade. Eu estava muito nervosa. Ela já começou a fazer acusações antes mesmo de me examinar. Eu já deitei na maca chorando."

As três médicas que tiveram que lidar com a situação foram excessivamente críticas e hostis, mesmo quando ela estava visivelmente correndo risco de vida. Uma das médicas, com um crucifixo no pescoço, ameaçou fazer uma denúncia. 

Projeto Nós Por Todas, sobre os direitos reprodutivos das mulheres. O título se refere ao ano em que essas mulheres viveram de alguma maneira um aborto ilegal. Para mais informações, www.nosportodas.tumblr.com

Nós Por Todas em 2004:

"Eu não sou uma pessoa religiosa; a minha concepção de vida é que ela envolve múltiplas determinações, ela não é só uma determinação biológica. Então eu não consigo ver isso como retirar uma vida, matar uma pessoa ou impedir o nascimento de um ser vivo. Para mim, vida envolve muitas outras questões; envolve relações sociais, condições de existência, relações afetivas, etc. Viver é diferente de existir."

Ela acha que a religião é um sistema ideológico que vai continuar interferindo, mas que embora as leis não mudem a realidade, elas têm um peso simbólico muito grande que podem mudar como a gente vê o aborto. 

Projeto Nós Por Todas, sobre os direitos reprodutivos das mulheres. O título se refere ao ano em que essas mulheres viveram de alguma maneira um aborto ilegal. Para mais informações, www.nosportodas.tumblr.com

Nós Por Todas em 1999:

“Quando a enfermeira olhou para mim, eu senti todo o peso e todo o julgamento que uma mulher pode carregar por estar fazer isso sem ter o amparo da lei e da saúde.”

O ressentimento que ela sente pela maneira como foi tratada no hospital é muito forte especialmente pelo fato de ter vindo de uma mulher.

Projeto Nós Por Todas, sobre os direitos reprodutivos das mulheres. O título se refere ao ano em que essas mulheres viveram de alguma maneira um aborto ilegal. Para mais informações, www.nosportodas.tumblr.com

Nós Por Todas em 2001-2:

“Não tem como a gente passar ileso por isso. É a coisa da responsabilidade, mas uma responsabilidade da sociedade, não é só nossa. A gente se empodera para poder reivindicar [uma escolha], mas é uma coisa que precisa ser discutida pelo coletivo. Não dá mais para ser uma coisa só nossa. Tem muita dor, tem muita tristeza.”

As pessoas fazem escolhas e sofrem as consequências dessas escolhas o tempo todo na vida, mas para ela o mais importante é que se tenha informação, responsabilidade e apoio nesses momentos.

Projeto Nós Por Todas, sobre os direitos reprodutivos das mulheres. O título se refere ao ano em que essas mulheres viveram de alguma maneira um aborto ilegal. Para mais informações, www.nosportodas.tumblr.com

Nós Por Todas em 1991:

"Eu não sei explicar. Eu não sinto vergonha, não sinto culpa. Eu sinto uma lacuna no sentido espiritual."

Ela buscou o apoio da família e do parceiro, mas só conseguiu algum suporte com amigos. Essa experiência mostrou para ela o quanto a ilegalidade do aborto deixa as mulheres em um posicionamento de vulnerabilidade física e psicológica. 

Projeto Nós Por Todas, sobre os direitos reprodutivos das mulheres. O título se refere ao ano em que essas mulheres viveram de alguma maneira um aborto ilegal. Para mais informações, www.nosportodas.tumblr.com

Nós Por Todas em 2017-4:

“A minha escolha era ou ter um filho sozinha novamente e ele ser pai quando dá (porque não está disposto a mudar de vida) ou não ter o filho. Mas o que eu queria era ter o filho com o meu companheiro.”

Ela e o companheiro falavam em ter um filho juntos, mas quando aconteceu, ele não estava preparado para ser pai e não quis mais continuar o relacionamento.

Projeto Nós Por Todas, sobre os direitos reprodutivos das mulheres. O título se refere ao ano em que essas mulheres viveram de alguma maneira um aborto ilegal. Para mais informações, www.nosportodas.tumblr.com

Nós Por Todas em 2017-3:

“A gente não engravida a cada dois minutos, não é assim. Existem métodos contraceptivos e as pessoas não engravidam necessariamente porque querem; cada um tem uma realidade diferente.”

Ela acha que o número de abortos no Brasil é tão grande justamente porque é quase sempre ilegal.

© Camila Cavalcante 
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